quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Breque e erudição

  Sexta de uma semana cansativa, a qual fedia o suor que provocara. Tinha na testa ainda a marca do trabalho, e na mão a falta do pão que fora prometido. Dali se foi a vontade, o bom homem existe da negação da vontade, um budista disse. 

 - Por que partir?

 - Não vamos começar com isso agora.

 - Mas o que eu fiz pra você querer ir embora?

 - Não vamos recomeçar com isso agora.

  O silêncio se instala com facilidade não é de hoje, desde a criação da linguagem que tudo leva à quietude. Quem sabe um meio de equilíbrio do Céu, que achou pretensão o Mirandola dizer que o homem não tem regra estipulada. Deus às vezes quer regrar a vida a regá-la.

  Na saída do edifício, o homem seguiu a mulher passageira. Porta abriu-se com brutalidade, feriu o peito com o sopro da despedida. O rapaz estático com a parte sua se esvaindo.

 - Por que partes?

 - Porque sou parte sua.

 - Então, qual a lógica?

 - Não se pode debruçar onde há vazio. Sou o vazio que passa.

  E como mágica, milagre ou destino, tudo se fez dolorido, casto de alegria. Mas o vazio não sente falta de sentido, não carece de lógica, menos ainda de um teimoso que espera supri-lo. 

Rasgação de sedas

Rasgação de sedas